NaNoWriMo 2022 – A pedra no meio do caminho

Como anunciei no último posts, estou novamente a participar no NaNoWriMo (National Novel Writing Month) e tudo estava a correr relativamente dentro do normal até ao dia 8 de Novembro, no qual eu tropecei numa pedra na calçada e estardalhei-me. Que é como quem diz … o meu computador deu o pifo e eu fiquei sem meios de escrever com eloquência e rapidez.

Podia ter escrito à mão? Podia, mas não era a mesma coisa. Ainda fui escrevendo no telemóvel e usando aquelas aplicações que convertem voz em texto, mas, sorte das sortes, acabei por perder até esses apontamentos. Realmente eu devia ir à bruxa! (A Garnath dava jeito agora).

Mas está resolvido! Entretanto o computador regressou (espero eu que saudável) e eu mesmo assim demorei uns dias a voltar a pegar nele. Tinha perdido a força motriz. Que dizer…

Hoje, contudo, as peças parecem ter-se voltado a encaixar e estou com vontade de escrever novamente. Dificilemnte vou conseguir cumprir o objectivo das 50.000 palavras, mas pouco importa. Desde que volte a escrever, estou contente.

Lamento não ter falado disto antes, mas deixo-vos com as minhas contagens de palavras diárias, até ao dia 7 (no 8 nem consegui escrever antes de ele ir ao ar)

  1. 1.928
  2. 2.826 (+898)
  3. 3.315 (+489)
  4. 4.818 (+1503)
  5. 6.180 (+1362)
  6. 7.064 (+885)
  7. 7.369 (+305)

Boas Festas 2018
Desejo a todos vocês, e aos vossos familiares, umas boas festas, caso celebrem esta quadra. Senão, um bom início de ano!
 
P.S.: Caso não reconheçam as personagens na imagem, trata-se da Lina, o Zanzan, a Momutte e a Garnath, do meu projecto “Alma”

O que 2018 trouxe

Este ano começou bem!
Como vos tinha falado comecei por esforçar-me por ir contra a inércia literária que tem tomado conta da minha vida nos últimos dois a três anos.
Logo no início de Janeiro, por nostalgia, comecei a reler o romance “Alma” que escrevi durante o NaNoWriMo de 2010. Está muito mau! Como temia vou ter de o reescrever quase de uma ponta à outra. Mas, mesmo assim, adorei começar a lê-lo porque me permitiu revisitar personagens que adoro e cenários que ainda me inspiram.
No entanto não cheguei a ler “Alma” até ao fim porque entretanto comecei a dedicar-me a outro projecto. E se não vos contei nada até agora foi por não querer dar a esperanças de lançar algo e depois acabar por não cumprir, como já aconteceu em ocasiões anteriores.
Não é nada novo. Lamento! Ainda não estou com a “Heroína 3” pronta para ser lançada. Na verdade dei-me conta que faz este ano cinco anos que lancei “Angel Gabriel -Pacto de Sangue”, o primeiro romance que publiquei em ebook (e único, até agora), e lembrei-me que já desde o início que queria publicá-lo em formato físico. Mas publicar assim como estava? Fora de questão? Por isso estou a rever todo o romance para o lançamento de uma edição especial de 5º aniversário, com capítulos extra, uma revisão profissional do texto, e muita garra!
Espero poder lançar a nova edição no dia 10 de Abril de 2018, no exacto dia do 5º aniversário, mas se não for nessa data será logo a seguir. Está tudo encaminhado!

E para quem comprou a primeira edição reservo também surpresas, que depois desvendarei a devido tempo.
Sei que não são as novidades que esperavam mas foi a forma que encontrei de voltar a envolver-me na escrita, na edição e na publicação. Tenho trabalhado todos os dias nesta revisão e nos novos capítulos. E estou a adorar!
Por isso espero que esta determinação continue bem depois de eu fazer o relançamento desta nova edição, e que passe para outros projectos que esperam e desesperam pela minha atenção.

Trarei mais novidades em breve. Está prometido!

Angel_sepia

Uma homenagem à Água

A água é um bem muito precioso e que devemos respeitar e do qual devemos cuidar constantemente, quer seja água doce ou salgada.
Trago-vos algumas ilustrações que fiz ao longo dos anos que ilustram ou se passam na água. Certas ilustrações estão relacionadas com projectos meus de escrita, outros não. Por favor notem que algumas já têm uns bons anos. 🙂
Podem vê-las todas AQUI. Espero que gostem! Fica só uma amostra:

Garnath a passear os cães na praia (romance
Garnath a passear os cães na praia (romance “Alma”).

Mas nem só nas ilustrações a água predomina, por isso convido-vos a ler “Miragem na Chuva“, um conto meu publicado na antologia “Tecendo Nós”, que podem ler gratuitamente AQUI.

Beijo Gay – a polémica

Vi hoje a “entrevista/confrontação” de Marília Gabriela, onde questionam a apresentadora sobre a fotografia tirada ao seu filho, Theodoro Wallace, no Carnaval: fotografia essa em que Theodoro beija um outro homem. Ora esta notícia relembrou-me uma ainda mais chocante, a meu ver, do início do mês, por causa da polémica causada pelo primeiro beijo gay transmitido numa telenovela angolana. Esta polémica em volta da telenovela “Jikulumessu” resultou na edição (leia-se corte) das cenas mais … chocantes.
Vejam a dita cena chocante:

E digam lá que não é uma parvoíce fazer alarido e dar razão a quem se manifesta contra uma coisa destas. O que é que há de chocante nisto? Pensava que eu que a sociedade estava mais evolúida que isso, mas parece que, em certa medida, estava enganada.
O primeiro beijo gay em telenovela brasileira, ao que apurei, foi entre lésbicas, num episódio de “Amor e Revoluçao”, em 2011. Por outro lado o primeiro beijo gay em telenovela portuguesa foi na Dancin’ Days, em 2013. Mas, tanto quanto percebi, já nos anos 90 no Brasil tinham tentado inserir uma cena em telenovela, que foi então rejeitada. Coisas recentes portanto.

Ora uma pessoa não tem que ser homossexual/lésbica para achar que a homossexualidade já não é tabu. Mas, por outro lado, compreendo que para muita gente isto ainda seja algo estranho. Isso, no entanto, não é razão para se censurar telenovelas, ou outro meio qualquer.

Beijo Gay - a polémicaJá na literatura, encontrar um livro com um protagonista homossexual/lésbico/bissexual começa a ser mais fácil mas ainda não está acessível a todos. No entanto cada vez mais existem personagens secundárias que o são.

Nas minhas histórias a maioria dos casais são heterossexuais, no entanto poderão ficar surpreendidos em saber que a protagonista do meu romance e BD Alma é bissexual.
– No conto “Segredos e Impulsos” Garnath envolve-se com uma mulher. Podem ler o conto na antologia “Um Toque de…“.
– No meu romance “Angel Gabriel – Pacto de Sangue“, Leyida, uma vampira, é lésbica. Podem ler o romane AQUI (vejam os distribuidores)
– Em “Através do Vidro“, na quarta parte existem vários casais homossexuais e alguns deles são estrelas principais desta parte narrativa (este trabalho ainda não está disponível para leitura).
– No “Água Mole em Pedra Dura” (romance em que estou a trabalhar) uma personagem é assumidamente bissexual, outra é homossexual e outra finge que não sabe que é (ou tenta negar-se).

E vocês o que pensam disto? Acham que estas são o tipo de cenas que devem ser censuradas? Questionadas em praça pública? Deixem os vosos comentários, leiam as histórias e digam-me o que acharam delas.

Sobre Pontos de Vista

Lembro-me de já algumas vezes tocar nesta assunto aqui no blog: Pontos de Vista. Hoje vou falar de um caso específico e de como, com o tempo, as nossas certezas se podem transformar em incertezas.

Escrita Criativa - o Relatório

Quando comecei a escrever, cheia de imaturidade literária e narrativa, testei várias formas de narração através dos pontos de vista. Existem muitos tipos de pontos-de-vista mas os principais são: escrita na 1ª pessoa, na 2ª pessoa e na 3ª pessoa (estes subdividem-se, mas foquemo-nos no principal).

A 2ª pessoa nunca usei e, sinceramente, tenho receio de usar. Até hoje ainda não li um livro que o usasse bem, a não ser aqueles livros em que podes escolher o teu próprio final.

A 1ª pessoa foi, desde o início, aquele que me saiu mais fácil: Na altura diziam-me que só quem não sabia escrever é que usava a 1ª pessoa, que era de preguiçosos e Yada, yada, yada … Até hoje, discordo. Aliás, cada vez discordo mais. Acho que a 1ª pessoa é a mais difícil de escrever BEM. É, certamente, a mais fácil de escrever no início porque muitas vezes vivemos intensamente as histórias que criamos, mas para escrever BEM na 1ª pessoa, temos um grande desafio pela frente. Mesmo muito grande!
Cada vez mais percebo isto e cada vez tenho mais receio de escrever na 1ª pessoa, pois temos de conseguir dar uma voz muito única, muito reconhecível a todo o texto. Não podemos escrever como nós, senão todas histórias que escrevemos soam iguais e o POV da 1ª pessoa deixa de ter um propósito. Por exemplo, acho que funcionou bem no Electro-dependência, no Dispensáveis e no A Última Ceia.

A 3ª pessoa foi, para mim, a mais difícil de maturar. A princípio tudo o que escrevia neste ponto-de-vista me irritva. Havia uma separação entre mim e o que estava a escrever e não conseguiu atravessar a ponte. No entanto, quanto mais testava esta narrativa, mais percebia que funcionava, que era a que me permitia melhor expressar as personagens e que obrigava a menos diálogos internos, menos Blah blah, blah.

E então porque decidi falar nisto agora? Simples! É que estou a ler o “Alma“, a versão do 1ª rascunho, que escrevi no NaNoWriMo de 2010, e a odiar cada frase que escrevi na 1ª pessoa, e a amar quase tudo o que escrevi na 3ª pessoa.

a ler Alma - ana c nunes

No dia 8 de Novembro de 2010, conforme efusivamente contado AQUI, eu tomei a brilhante ideia de parar de escrever Alma na 3ª pessoa e passei para a 1ª pessoa.É irónico como a razão que eu apontei para justificar esta mudança, é na realidade a mesma porque hoje acho que esse foi o maior erro que cometi neste 1º rascunho da história:
– Humor: O humor subtil que consegui escrever na 3ª pessoa funciona! Enquanto que até agora tudo o que li na 1ª pessoa de Alma não me provoca qualquer reacção de riso ou sequer sorriso. O humor perdeu-se em introspecções aborrecidas e info-dumps.

Alma tem tantas personagens e uma trama tão rica quanto subtil, e a 1ª pessoa rouba-a de personalidade, de diversidade, de intensidade mais que tudo!
Sinceramente não consigo entender porque, enquanto escrevia, achava que estava a funcionar.

Estou apenas a ler o texto, nem sequer estou a apontar erros ou o que deve ser mudado, não só porque quero ler sem me preocupar com as correcções, mas porque a verdade é que tenho vontade de riscar tudo!
A única coisa que acho que poderei salvaguardar do que está escrito na 1ª pessoa são alguns diálogos e, claro, a história central que está sólida. O que não está bem é o texto. Vai tudo sumir! KAPUFF!

a ler Alma - ana c nunes 2

Nunca pensei dizer isto mas, cada vez adoro mais a escrita na 3ª pessoa, e temo a escrita na 1ª pessoa, excepto para a escrita de contos que se focam numa só personagem, ou outras histórias de premissa semelhante. No restante, a 3ª pessoa é, quase sempre, a melhor opção. Não estamos limitados à visão de uma só personalidade, nem aos seus pensamentos, nem às suas características. E por mais que isso possa e funcione a favor da história em certas premissas, em romances (livros) raramente tem  o efeito desejado. Mas, claro, excepções existem muitas e boas.

E vocês o que acham? Prefere ler/escrever na 1ª, 2ª ou 3ª pessoa?

Projectos de Estimação

Antes de começa a escrever este post tinha em mente um certo número de assuntos, até que percebi que estava prestes a misturar alhos com bugalhos. Por isso ao invés de fazer um post enorme e com uma salada mista de tópicos, vou separar tudo em dois posts. O seguinte deve ser publicado nos próximos dias (sobre E-Publicação), enquanto neste vou falar apenas Escrita Criativa (para não variar, Hehe!).

Escrita Criativa - o Relatório
Gabriel, personagem do meu romance “Angel Gabriel – Pacto de Sangue”.

Projectos de Estimação

Quase todos os escritores (e artistas em geral) com quem já falei acabaram por, de uma forma ou de outra, mencionar um Projecto de Estimação (ou Pet Project como lhes chamam lá fora). e o que é isto de Projecto de Estimação? Em linha gerais é aquele projecto que o escritor/ artista tem especial apreço por. Aquele que nunca lhe sai da cabeça, que ele está constantemente a tentar melhorar e que, por isso mesmo, dificilmente alguma vez sente que o terminou. Ou seja, aquele que nunca está bem o suficiente.

E será surpresa para alguém que o meu Projecto de Estimação seja o “Angel Gabriel – Pacto de Sangue“? Possivelmente não.

Claro que eu escritor/artista pode ter mais que um projecto nesta categoria, e é bastante provável que tenha (“Alma“, estou a falar de ti!) mas há sempre um acima dos outros.
E a razão porque decidi falar disto é, como devem imaginar, porque tive uma experiência que se repete com frequência: Duvidar do que fiz!
Todo o escritor (ou quase todo) tem momentos em que acha que o que faz é uma porcaria (perdoem-me o termo) e isso é bom, se o soubermos canalizar para melhorar e não destruir o projecto em mãos, mas quando estes momentos de crueldade psicológica auto-proporcionada se tonam demasiado frequentes, é porque possivelmente temos em mãos um Projecto de Estimação.

Angel Gabriel – Pacto de Sangue” precisava de um novo início e foi isso que comecei a fazer, com gosto e dedicação. Estava confiante no que tinha para fazer e, mais que isso, estava inspirada, como há algum tempo já não ficava. Por isso foi com alguma surpresa que percebi, passados menos de 5 dias, que tinha escrito mais de 12.000 palavras novas. Doze Mil!
Pode dizer-se que fiquei com ‘cara de tacho’. E então veio o pânico.
Como é que podia justificar 12000 palavras num manuscrito que já tinha perto de 100.000. O que é que eu estava a fazer à minha história? Porque é que tinha de me lembrar de mudar outra vez o que já tinha dado como terminado?
Estas e outras perguntas surgiram assim que olhei para a contagem (impressionantemente até ali não tinha prestado atenção ao número de palavras que debitava no teclado, o que não é nada o meu estilo). Falei com um amigo, por alto, sobre o assunto e ele disse-me: “Isso soa-me a infodump.”
Pânico!
Uma parte de mim achava que não, que eu estava a usar o “Show, don’t tell” e que não tinha usado aquelas 12.000 palavras só para cuspir informação para o leitor. Mas a outra parte de mim dizia que eu estava a iludir-me e que aquilo era uma desgraça de proporções galácticas.
É isso mesmo, pessoal. Tornei-me uma Drama Queen!

Revisões e Opiniões

Não querendo perder-me em mais drama, fiz a única coisa que podia fazer: enviei os novos capítulos a duas pessoas que já tinham lido a versão anterior do “Angel Gabriel – Pacto de Sangue” e pedi-lhes a opinião.

Entretanto foquei-me nas revisões e, se as primeiras páginas me puseram os nervos à flor da pele porque queria reescrevê-las e sabia que não podia, à medida que ia avançando nos trabalhos percebi que, afinal aquilo não estava assim tão mau. Mas ler e rever um manuscrito com 280 páginas nunca foi fácil ou poderia ser rápido, por isso as datas que eu tinha definido para esta fase acabaram por ser ultrapassadas e ainda hoje estou a trabalhar nas revisões. Felizmente estão a correr bem e estou confiante que dentro de alguns dias esteja terminada a versão portuguesa e possa então focar-me na inglesa (a tradução vai demorar …).
Mas já dizia a minha mãe que “sem trabalho não se faz nada”.

Entretanto já recebi a opinião de uma das minhas maravilhosas beta-reader (e escritora), das que leu os novos capítulos, e consegui ficar um bocadinho mais descansada. Falta-me uma opinião de outra fabulosa beta-reader (e escritora) para que a Drama-Queen adormeça profundamente (ou acorde de vez).

E não posso finalizar sem agradecer às fabulosas pessoas que e ajudaram até aqui, às que ainda me ajudam e claro, a todos os que seguem e comentam neste blog. Vocês são fantásticos porque aturam os meus devaneios. Obrigada!
Quando o ebook for lançado eu compenso-vos. Prometo!

E para terminar duas perguntas:
Aos escritores: Qual é o vosso Projecto de Estimação? (se tiverem um)
Aos leitores: Quando é que sentem que um livro é demasiado grande?