Continuando o tema do Momentos 08, sigo com o debate sobre os nomes de personagens.
Pelo que ouvi dizer há várias pessoas a quem acontece o mesmo que eu.
– Há personagens que quando surgem, já vêm com o nome escarrapachado na testa, já fazendo estes parte do que eles são, de quem são e do que viveram;
– Há outros em que tenho de andar meses e meses a pensar no nome mais adequado, um pouco porque não há pressa e por outro lado porque sei que mais tarde ou mais cedo o nome irá surgir, possivelmente do nada;
– E há outros ainda em que eu própria tomo a iniciativa de procurar os nomes certos para eles (através da pesquisa).
No primeiro caso, normalmente nem há muito a fazer. Se um personagem já traz o nome a reboque, por alguma razão é e certamente não vou encontrar nada mais certeiro. Estes são os melhores, claro! Mas também há excepções, em que certas personagens vêm com nomes, mas eu acho que não é bem aquilo que quero e lá procuro outra denominação. É muito raro, mas acontece, como é o caso da Lara (No limiar da vida), que no início era Clara. Só que eu, por uma qualquer razão desconhecida, irritava-me de cada vez que lia o nome no papel, então mudei e estou bem mais satisfeita com Lara. Não é muito distinto, mas a mim aliviou-me imenso.
Outra personagem a quem recentemente fiz o mesmo, foi à Cármen do Angel Gabriel. Pessoalmente nunca gostei muito do nome, mas foi preciso que alguém me dissesse que Cármen é nome sem graça, para eu me decidir a mudá-lo. passou a ser Sílvia, que acho que soa bem melhor.
No segundo caso costumo tentar não me preocupar demasiado. Quando surge, surge a valer, e normalmente não é difícil definir um nome certeiro para uma personagem. às vezes estou a ter uma conversa com alguém e lá aparece um nome certo, ou estou a ler um artigo qualquer e BINGO! Isto costuma acontecer mais com personagens secundárias, pois com as principais eu entro em stress e sinto-me na obrigação de definir logo à partida quem tem o nome de quê.
Já o terceiro caso é mais complicado pois às vezes, mesmo depois de longas horas de pesquisa, ainda acho que não encontrei o nome certo e fico a matutar naquilo durante dias e dias a fio.
Como é o caso do Matheus (do PFA). Queria dar-lhe um nome algo vulgar, mas por mais que procurasse não encontrava nada que me agradasse. Acabei por escolher este nome, mas não duvido nada que daqui a uns tempos mude de ideias.
O PFA é aliás um dos projectos que me tem dado mais trabalho a nível de escolher nomes, seja porque tem muitas personagens (é uma saga), ou porque muitos deles são muito velhos (e por velhos digo séculos e milénios). Por exemplo, a Leoba (parceira do Matheus) nasceu em 782 d.c. e por isso andei eu a pesquisar nomes usados na época. Não foi nada fácil, garanto-vos. O que aparecia eram nomes de papas e santas e etc. Por fim lá me decidi por o nome da Santa Leoba que morreu mais ou menos na altura em que a Leoba nasceu.
Há vários sites com listas de nomes por sexo, país, origem, significado, etc. É uma questão de saber onde procurar e tentar que os nomes se enquadrem na história, Pois acho que não fazia muito sentido colocar uma Vatra numa história contemporânea passada numa qualquer aldeia interior de Portugal. Já estão a imaginar?
Mas também é certo que hoje em dia é cada vez mais fácil, graças à multiculturalidade, encontrar pessoas de diferentes ascendências em sociedade em que antigamente não se via um único estrangeiro ou estrangeirismo. Por isso numa fantasia urbana, por exemplo, não será de todo estranho que as personagens tenham nomes completamente dispares, e será até possivelmente divertido e aconselhável. Eu sei que conto a fazer o máximo uso disso no PFA, porque faz sentido dentro da história.
Depois, claro, há os nomes inventados pelos próprios autores. E, confesso, é algo que eu também gosto de fazer, mas tento usar o mínimo de vezes possível já que grande parte das minhas histórias são passadas nu futuro próximo.
Há excepções, como no caso do Alma, que poderia ser considerado fantasia urbana, mas em que todas as personagens têm nomes inventados por mim, há medida de cada personagem. Nomes como Garnath, Levian, Zanzan, Camill, Medina, Momutte, entre outros. Alguns destes nomes são até usuais mas outros não se vêem, que eu saiba, em lado algum.
Outro exemplo são os nomes de feiticeiros das personagens do Angel Gabriel. Aí deixei-me levar pela incoerência. Nomes como Catalysm, Müernica, Evaress e Ishvar, tem claras influências de outros nomes, mas penso que são originais (posso estar enganada que nestas coisas nunca se sabe), Neste caso diverti-me a inventar nomes algo estranhos, porque podia. São nomes de feitiçaria e por isso estão dentro da minha lógica mas fogem às lógicas normais, se é que me faço compreender.
Já agora, como é que vocês tendem a decidir os nomes das personagens? Elas vêm com os nomes às costas, ou vocês andam a bater com a cabeça para tentar chegar a algo semi-coerente?
Nota: Desculpem se me repeti em algum ponto.