Dinâmicas culturais e turísticas aliadas à literatura

No passado sábado, dia 30 de Setembro, tive oportunidade de participar de uma dinâmica que me deu muito que pensar.
O município de Barcelos, através do seu Gabinete de Arqueologia e Património Histórico, organizou, no dia 30 de Setembro, uma rota literária por várias frequeguesias do concelho, baseando-se no romance histórico “O Sargento-Mor de Vilar“, da autoria de Arnaldo Gama.

Foi a primeira vez que participei deste tipo de dinâmica e confesso que adorei. A guia era uma das arqueólogas do município que, claramente, conhecia e adorava o livro e a história da região, mais concretamente da invasão napoleónica da zona.

Fomos de autocarro (fornecido gratuitamente pelo município) até ao primeiro local de interesse que escolheram mostrar-nos: o Convento de (São Salvador de) Vilar de Frades, na freguesia de Areis de Vilar.
Um pequeno parênteses para dar os parabéns, e deixar um agradecimento, ao município, pela oferta de um exemplar do livro “O Sargento-Mor de Vilar” a cada um dos participantes.

À entrada do convento, fomos convidados a abrir o livro e a seguir a leitura em voz alta de um trecho que descrevia o local onde nos encontrávamos. Depois seguimos a pé por várias ruas desta e das freguesias contínguas, parando várias vezes para abrir o livro e sermos transportados para a história aí narrada, as suas personagens e a sua vertente histórica. Não foi apenas para ler que paramos, pois em vários momentos a nossa guia travava a marcha (uma caminhada intensa, mas fácil) para fazer apontamentos sobre locais, edifícios e costumes.

A nossa guia tinha um dom para dar vida às personagens e à história. Foi realmente uma experiência que me encheu as medidas.

O caminho que percorremos é apenas uma parte do trilho completo que passa pelas freguesias de Areias de Vilar, Martim, Bastuço St. Estevão, Bastuço S. João, Encourados e Airó (o único local onde encontrei informação do trilho completo foi na WikiLoc) e que vos convido a percorrerem. Durante o percurso existem várias placas informativas a identificarem os pontos de maior interesse da região.

A pergunta que esteve comigo o tempo todo foi: porque não há mais disto? Depois de uma manhã muito bem passada, em boa companhia, e a conhecer novos locais e novas escritas, tive de questionar: existem mais destas rotas literárias em Barcelos? A resposta é não, mas fiquei a saber que está outra a ser planeada, evidenciando os poetas do concelho.

E neste aspecto vou falar apenas da minha parca experiência no concelho de Barcelos, pois este tipo de turismo, de trilhos, parece-me ter um potencial enorme em três frentes principais:
– Atrair leitores para o turismo de região;
– Tornar novos leitores os apaixonados pelo turismo “cá dentro” e pelos trilhos;
– Dar a conhecer o património cultural, social e literário a estrangeiros.

Por exemplo, porque não incluir no início, fim, e até em certos pontos de interesse destes trilhos literários uma espécie de máquina de venda automática onde qualquer um pudesse comprar os livros homenageados? Ou, melhor ainda, porque não deixar à consignação, em comércios locais que façam parte do trilho, estas mesmas obras, para assim o comércio local estar envolvido na experiência?

Outra ideia … porque não juntar as outras artes? Performances teatrais em pontos-chaves dos trilhos (em ocasiões especiais, claro), ou convidar artistas plásticos locais para pintarem ou interpretarem cenas específicas das obras literárias? Tal como no caso do Trimagisto, que fez um guia audio para o Roteiro Literário Levantado do chão, porque não convidar locutores ou narradores locais para dar vida ao percurso? Tudo isto tem potencial de criar riqueza, não só em dinheiro, mas culturalmente.

Claro que é possível que estas e muitas outras ideias já estejam em prática noutros locais. E se souberem de coisas semelhantes, convido-vos a partilharem nos comentários.

Na verdade, graças a esta actividade, fiquei muito curiosa por conhecer alguns outros trilhos literários no país, e deixo-vos os links para alguns:
Rota literária do Algarve;
Roteiros cuturais dos Açores;
Escritores a Norte (plataforma com localização de pontos de interesse literário e citações ligadas);
Turismo literário de Elvas;
Rota literária de Cascais;
Rota literária geografia Agustiniana;
Roteiro literário levantando do chão (com guia audio também aqui);
Rota Memorial do Convento;

Aconselho ainda a consulta e leitura de Lit & Tour 2023 (Apesar do título, tem artigos em português), que reúne várias visões sobre o tema do turismo, a literatura e as paisagens aquáticas.

Partilhem as vossas experiênciasem roteiro literários, ou caso não as tenham, digam o que vos poderia levar a ter interesse neste tipo de actividade.

Uma homenagem à Água

A água é um bem muito precioso e que devemos respeitar e do qual devemos cuidar constantemente, quer seja água doce ou salgada.
Trago-vos algumas ilustrações que fiz ao longo dos anos que ilustram ou se passam na água. Certas ilustrações estão relacionadas com projectos meus de escrita, outros não. Por favor notem que algumas já têm uns bons anos. 🙂
Podem vê-las todas AQUI. Espero que gostem! Fica só uma amostra:

Garnath a passear os cães na praia (romance
Garnath a passear os cães na praia (romance “Alma”).

Mas nem só nas ilustrações a água predomina, por isso convido-vos a ler “Miragem na Chuva“, um conto meu publicado na antologia “Tecendo Nós”, que podem ler gratuitamente AQUI.

Os Livros e a TV – Parte 3

Não posso deixar de proclamar o novo programa da RTP2: “Grandes Livros”, a ter início amanhã (27 de Março) pelas 21.15h.
Entretanto visitem o site do programa.

phpthumb_generated_thumbnailjpg* Imagem retirada do site “Grande Livros

A série será emitida na RTP2, RTP Internacional, RTP Notícias e RTP África a partir do primeiro
trimestre de 2009, terá uma estratégia de promoção cross media (You Tube, micro-site RTP,
redes sociais) e edição em DVD.

Visa contribuir para a promoção da leitura das grandes obras da literatura portuguesa junto de
todas as faixas etárias de falantes de português. Cada episódio contará com a participação dos
principais especialistas na obra e/ou no autor em análise.

“Grandes Livros” é assumidamente inspirada na série homónima “Great Books”, produzida pela
Discovery Networks em parceria com o Center for the Book in the Library of Congress e emitida
em vários canais Discovery e no The Learning Channel desde 1994.

O conceito “Grandes Livros” assenta na análise da obra mais emblemática de um escritor
português: a estória, o contexto histórico, a importância que teve/tem, a história do autor. A
selecção obedece ao seguinte critério: um livro por autor; autores portugueses falecidos; obras
passíveis de serem abordadas em tv e apelarem a uma grande faixa da população.

Lista de obras para a primeira série de “Grandes Livros”:
– Os Maias (Eça de Queirós)
– Os Lusíadas (Luís Vaz de Camões)
– O Delfim (José Cardoso Pires)
– Aparição (Vergílio Ferreira)
– Navegações (Sophia de Mello Breyner Andresen)
– Livro do Desassossego (Fernando Pessoa)
– Sinais de Fogo (Jorge de Sena)
– Sermão de S. Ant. aos Peixes (P. Ant. Vieira)
– Viagens na Minha Terra (Almeida Garrett)
– Mau Tempo no Canal (Vitorino Nemésio)
– Peregrinação (Fernão Mendes Pinto)
– Amor de Perdição (Camilo Castelo Branco)

A não perder!

Os Livros e a TV – Parte 2

Depois de “A rapariga que sonhava com uma lata de gasolina e um fósforo”, ouvi o anúncio para o novo livro de Carlos Ruiz Zafon, “O jogo do Anjo“, a passar, novamente na TVI, perto das 19h.
Vamos pelo bom caminho, ao que parece.


O anúncio não foi o mesmo que o vídeo acima, mas ao menos ficam com uma ideia.

Este livro está publicado pela Dom Quixote.

Os Livros e a TV

Hoje fiquei surpreendida ao ver na televisão um spot publicitário a um livro. E que livro era esse?
Nenhum outro senão o tão falado “A rapariga que sonhava com uma lata de gasolina e um fósforo” de Stieg Larsson (Edições Oceanos)


O trailer acima não é o mesmo que passou na televisão (em horário nobre), mas é um trailer do mesmo livro.
Fiquei surpreendida, mas na positiva. Deviam apostar mais nisso!
Já tinha visualizado trailers deste e de outros livros, mas no youtube, como uma nova forma (louvável) de propaganda na web.
Pode até ser que já não seja o primeiro na TV. Afinal eu não vejo quase televisão nenhuma, por isso não estou muito a par disso, mas para mim foi a primeira vez, e não na RTP2 (porque aí já não me admirava de ver), mas sim num outro canal generalista.

Os tempos mudam e assim, a publicidade tem de chegar ao maior número possível de pessoas. Apoiado!