Passeando Leituras – um exercício de oralidade

Na semana passada dei início a uma nova rubrica em formato vídeo, no meu Instagram e Facebook.
Chama-se Passeando Leituras e consiste numa premissa muito simples, que já tinha intenção de iniciar há algum tempo.

Passeando Leituras

Numa tentativa de divulgar a literatura e de potenciar o interesse de novos leitores, nesta rubrica vou ler excertos do início de alguns livros, tanto de autores nacionais como estrangeiros.
A somar a esta dinâmica de transmissão oral das obras, proponho fazer estas leituras em ambientes naturais ou urbanos que ou evoquem localizações do livro em questão, ou simplesmente sejam locais belos e calmos. Dando assim também a conhecer novas paisagens e locais.
E noutra vertente mais social, quero convidar todos a partilharem também os seus passeios literários, em formato vídeo (ou noutro que pensem que servirá o mesmo propósito). Usem a hashtag #passeandoleituras e sinalizem-me nas vossas publicações e vídeos, para eu poder partilhar as vossas visões e sugestões.

Primeiro passeio

Dei início ao Passeando Leituras com uma das obras mais famosas de José Saramago. O Ensaio sobre a Cegueira é uma obra que li muito recentemente, e que me agarrou logo nas primeiras páginas.
Que melhor forma de dar início a esta nova rubrica?

E porque acho que o blog pode ajudar a complementar esta rubrica, deixo mais algumas informações.

Do que trata “Ensaio sobre a cegueira”?

Um homem fica cego, inexplicavelmente, quando se encontra no seu carro no meio do trânsito. A cegueira alastra como «um rastilho de pólvora». Uma cegueira coletiva.
Romance contundente. Saramago a ver mais longe. Personagens sem nome. Um mundo com as contradições da espécie humana. Não se situa em nenhum tempo específico. É um tempo que pode ser ontem, hoje ou amanhã. As ideias a virem ao de cima, sempre na escrita de Saramago. A alegoria. O poder da palavra a abrir os olhos, face ao risco de uma situação terminal generalizada. A arte da escrita ao serviço da preocupação cívica.

Ou, segundo o autor:

“É uma tentativa de nos perguntarmos o quê e quem somos. E para quê? Provavelmente não existe uma resposta e, se existisse, seguramente não seria eu a pessoa capaz de oferecê-la. No fundo, o que o livro quis expressar é muito simples: se somos assim, que cada um se pergunte porquê”

Quem foi José Saramago?

Autor de mais de 40 títulos, José Saramago nasceu em 1922, na aldeia de Azinhaga.
As noites passadas na biblioteca pública do Palácio Galveias, em Lisboa, foram fundamentais para a sua formação.

«E foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou.»


Em 1947 publicou o seu primeiro livro que intitulou A Viúva, mas que, por razões editoriais, viria a sair com o título de Terra do Pecado. Seis anos depois, em 1953, terminaria o romance Claraboia, publicado apenas após a sua morte.
No final dos anos 50 tornou-se responsável pela produção na Editorial Estúdios Cor, função que conjugaria com a de tradutor, a partir de 1955, e de crítico literário.
Regressa à escrita em 1966 com Os Poemas Possíveis.
Em 1971 assumiu funções de editorialista no Diário de Lisboa e em abril de 1975 é nomeado diretor-adjunto do Diário de Notícias.
No princípio de 1976 instala-se no Lavre para documentar o seu projeto de escrever sobre os camponeses sem terra. Assim nasceu o romance Levantado do Chão e o modo de narrar que caracteriza a sua ficção novelesca. Até 2010, ano da sua morte, a 18 de junho, em Lanzarote, José Saramago construiu uma obra incontornável na literatura portuguesa e universal, com títulos que vão de Memorial do Convento a Caim, passando por O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho segundo Jesus Cristo, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes ou A Viagem do Elefante, obras traduzidas em todo o mundo.
No ano de 2007 foi criada em Lisboa uma Fundação com o seu nome, que trabalha pela difusão da literatura, pela defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, tomando como documento orientador a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde 2012 a Fundação José Saramago tem a sua sede na Casa dos Bicos, em Lisboa.
José Saramago recebeu o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998. Faleceu em 2010.

Convite aberto

Por fim volto a renovar o convite para entrarem também nesta trend. Vamos levar a literatura a novos locais?
Podes partilhar a tua leitura deste livro, ou de um outro que nada tenha a ver, mas que te tenha marcado de alguma forma. Usa a hashtag #passeandoleituras e identifica-me nas publicações para eu poder partilhar.
Boas leituras!

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