Comecei o ano a ler dois livros que transitaram do ano anterior. Um deles já terminei, mas o outro, por ser um calhamaço e tanto, continuará para Fevereiro.
Além destes só li um conto e comecei entretanto a ler outro livro. Isto acontece porque, várias vezes,e stou a ouvir um audiolivro, a ler um livro em ebook e/ou em físico. Não são poucas as vezes que leio três livros ao mesmo tempo. Estranho? Não! Têm é de ser de géneros distintos, para eu não fazer confusão.
Vocês como fazem? Lêem um livro de cada vez? E BD lêem? Se sim, fazem-no ao mesmo tempo que lêem romances? Deixem os vossos comentários que eu tenho sempre curiosidade em saber.
“Alma Rebelde”, de Carla M. Soares
Li este romance para o Clube de Leitura de Braga, embora já o tivesse na minha estante virtual desde que foi lançado, em 2012.
A história de Joana passa-se num momento da história portuguesa em que a sociedade começa a mudar e o poder da monarquia se prepara para alterações profundas.
Escrita tanto em narrativa como em forma de cartas, entre Joana e a sua prima, e como diário da própria Joana, esta história é-nos contada de distintas formas. Algumas das quais se sobrepõem e repetem factos. Isto é algo mais notório no primeiro terço do livro, em que somos introduzidos ao “fado” de Joana. A sua solidão e revolta coma sua situação, é-nos contada tanto através da narração da sua viagem para casa dos pais do noivo, como em cartas, o que se torna repetitivo.
No entanto no restante romance isto deixa de acontecer e os factos passam a ser narrados ou de uma ou de outra forma, ou que resulta muito melhor.
O romance que vai crescendo entre Joana e Santiago relembra-me vários outros romances de época, sendo que gostaria que a afectividade do Santiago demorasse mais tempo a surgir, tal como a da Joana. Ele ficou logo interessado nela, enquanto ela demorou o seu tempo.
Achei fofo o romance dos dois e a forma como os momentos que passavam juntos ajudavam a que se conhecessem melhor.
Contudo devo dizer que senti falta de um conflito bem construído. Tivemos dois momentos de perigo para a relação, que se sucederam muito rapidamente, e para os quais não houve quaisquer antecedentes. Tão depressa surgiram, como aconteceram e logo desapareceram. Foi muito anti-climático.
Isto foi em parte contra-balanceado com uma última parte muito interessante, aquando a viagem dos dois, que, através de uma escolha inteligente de troca de narração para as cartas, criou suspense e curiosidade, medo até, pelo desfecho.
Em suma, foi um livro que li com gosto e interesse, apesar de precisar de mais conflito e de poder beneficiar de um início menos repetitivo.
Irei, com certeza, ler outras obras da autora.
Uma última nota para a história paralela da prima, que foi deveras interessante, e sobre a qual gostaria de ver contada em separado e com mais detalhes.
“Aos teus olhos”, de Vitor Frazão
Neste conto o autor introduz-nos a mais um mundo criado de raiz que tem imenso potencial.
Apesar de a narrativa iniciar com um pequeno episódio envolvendo Myr e a sua tia é também aqui que se começa a estabelecer a personagem principal: James Vallen, que será sobre quem o conto realmente se debruçará.
Este primeiro episódio também serve para situar o leitor no mundo e na sua situação social, e está bem conseguido.
De verdade a única coisa errada com este conto é o facto de, em duas ocasiões, o autor debitar informação através de diálogos secos e forçados, que se vê claramente que foram feitos apenas para servirem como veículo de informação que, a meu ver, poderia ter sido muito mais bem sucedida se entregue de outra forma.
Tirando isso gostei muito do texto e das potencialidades deste mundo e da personagem do James Valllens.
Deixo apenas um apontamento final para uma revisão do texto, pois existem algumas pequenas gralhas que merecem ser corrigidas (nada que impeça uma boa leitura).
Podem ler este conto, gratuitamente, no Fantasy & Co, ou na Smashwords.