Leituras de 2022 – Janeiro

Comecei o ano a ler dois livros que transitaram do ano anterior. Um deles já terminei, mas o outro, por ser um calhamaço e tanto, continuará para Fevereiro.
Além destes só li um conto e comecei entretanto a ler outro livro. Isto acontece porque, várias vezes,e stou a ouvir um audiolivro, a ler um livro em ebook e/ou em físico. Não são poucas as vezes que leio três livros ao mesmo tempo. Estranho? Não! Têm é de ser de géneros distintos, para eu não fazer confusão.
Vocês como fazem? Lêem um livro de cada vez? E BD lêem? Se sim, fazem-no ao mesmo tempo que lêem romances? Deixem os vossos comentários que eu tenho sempre curiosidade em saber.

“Alma Rebelde”, de Carla M. Soares

Li este romance para o Clube de Leitura de Braga, embora já o tivesse na minha estante virtual desde que foi lançado, em 2012.
A história de Joana passa-se num momento da história portuguesa em que a sociedade começa a mudar e o poder da monarquia se prepara para alterações profundas.
Escrita tanto em narrativa como em forma de cartas, entre Joana e a sua prima, e como diário da própria Joana, esta história é-nos contada de distintas formas. Algumas das quais se sobrepõem e repetem factos. Isto é algo mais notório no primeiro terço do livro, em que somos introduzidos ao “fado” de Joana. A sua solidão e revolta coma sua situação, é-nos contada tanto através da narração da sua viagem para casa dos pais do noivo, como em cartas, o que se torna repetitivo.
No entanto no restante romance isto deixa de acontecer e os factos passam a ser narrados ou de uma ou de outra forma, ou que resulta muito melhor.
O romance que vai crescendo entre Joana e Santiago relembra-me vários outros romances de época, sendo que gostaria que a afectividade do Santiago demorasse mais tempo a surgir, tal como a da Joana. Ele ficou logo interessado nela, enquanto ela demorou o seu tempo.
Achei fofo o romance dos dois e a forma como os momentos que passavam juntos ajudavam a que se conhecessem melhor.
Contudo devo dizer que senti falta de um conflito bem construído. Tivemos dois momentos de perigo para a relação, que se sucederam muito rapidamente, e para os quais não houve quaisquer antecedentes. Tão depressa surgiram, como aconteceram e logo desapareceram. Foi muito anti-climático.
Isto foi em parte contra-balanceado com uma última parte muito interessante, aquando a viagem dos dois, que, através de uma escolha inteligente de troca de narração para as cartas, criou suspense e curiosidade, medo até, pelo desfecho.
Em suma, foi um livro que li com gosto e interesse, apesar de precisar de mais conflito e de poder beneficiar de um início menos repetitivo.
Irei, com certeza, ler outras obras da autora.
Uma última nota para a história paralela da prima, que foi deveras interessante, e sobre a qual gostaria de ver contada em separado e com mais detalhes.

“Aos teus olhos”, de Vitor Frazão

Neste conto o autor introduz-nos a mais um mundo criado de raiz que tem imenso potencial.
Apesar de a narrativa iniciar com um pequeno episódio envolvendo Myr e a sua tia é também aqui que se começa a estabelecer a personagem principal: James Vallen, que será sobre quem o conto realmente se debruçará.
Este primeiro episódio também serve para situar o leitor no mundo e na sua situação social, e está bem conseguido.

De verdade a única coisa errada com este conto é o facto de, em duas ocasiões, o autor debitar informação através de diálogos secos e forçados, que se vê claramente que foram feitos apenas para servirem como veículo de informação que, a meu ver, poderia ter sido muito mais bem sucedida se entregue de outra forma.
Tirando isso gostei muito do texto e das potencialidades deste mundo e da personagem do James Valllens.
Deixo apenas um apontamento final para uma revisão do texto, pois existem algumas pequenas gralhas que merecem ser corrigidas (nada que impeça uma boa leitura).
Podem ler este conto, gratuitamente, no Fantasy & Co, ou na Smashwords.

As melhores leituras de 2021

Bom ano!
Espero que tenham todos/as entrado da melhor forma neste novo ano!

Todos os anos costuma fazer, no meu outro blog (Floresta de Livros), um apanhado das minhas leituras e achei que era interessante trazer isso para aqui, agora que decidi manter apenas este blog.

Em 2021 não li tanto quanto queria, mas ainda assim foram:
20 romances, 1 livro catálogo,
19 volumes de bandas desenhadas/mangas
6 webcomics (dois dos quais li na íntegra).

Além disto li também 21 contos.

Tudo junto li mais de 6.240 páginas (romance e BD), pese embora muitas destas tenham sido consumidas em versão audiolivro. Foram mais de 150 horas de narração audio.

Numa escala de 0 a 10, a classificação média dos livros foi de 7,5. Já a das BDs e webcomics foi de 7,33. A dos contos ficou-se nos 6,9.

3 dos livros eram de autores, portugueses, bem como 3 das BDs e 8 dos contos.

O género que mais li foi a Ficção Científica, seguido da Fantasia.

Abandonei apenas uma leitura, de uma noveleta (de Jasinda Wilder) que comecei a ler logo no início do ano e que não consegui passar da terceira página.

E agora os meus tops do ano.

Top Romances de 2021

  1. “Stardust”, de Neil Gaiman
  2. “Fundação”, de Isaac Asimov
  3. “Não Matem a Cotovia”, de Harper Lee
  4. “O Filho das Sombras”, de Juliet Marillier
  5. “Born a Crime”, de Trevor Noah

Top BD/Mangas de 2021

  1. “Ditirambos”, de André Caetano, Carlos Drave, Diogo Carvalho, Francisco Ferreira, Joana Afonso, Nuno Filipe Cancelinha, Raquel Costa, Ricardo Baptista, Sofia Neto, Sónia Mota
  2. “One-Punch Man”, de One & Yusuke Murata
  3. “Remina”, de Junji Ito
  4. “Umbigo do Mundo”, de Penim Loureiro e Carlos Silva
  5. “Super Secret”, webcomic de EON

Top Contos de 2021

  1. “Bad Luck, Trouble, Death, and Vampire Sex”, de Garth Nix
  2. “In Vino Veritas”, de João Ventura, in Winepunk Volume 1
  3. “Uma Conspiração Perigosa”, de João Rogaciano, , in Winepunk Volume 1
  4. “A Ira da Ferreirinha”, de Carlos Silva, , in Winepunk Volume 1
  5. “Nunca Mais”, de João Barreiros, in Winepunk Volume 1

E vocês? Quais foram as vossas melhores leituras de 2021?

Que autores recomendam?

É desta que os audiolivros singram em Portugal?

Fiquei agradavelmente surpreendida quando, na semana passada, recebi notificações, tanto da Wook, como da Bertrand, acerca do lançamento do suporte de audiobooks nas suas applicações de leitura (Wookreader e Biblio Bertrand).

A minha experiência com audiolivros?

Quem me conhece, ou quem me seguia no meu outro blog, Floresta de Livros, sabe que sou ávida consumidora de audiolivros há muitos anos (já escutei cerca de 200). Infelizmente, devido à fraquíssima oferta que havia em Portugal até recentemente, tudo o que consumi era em inglês.

Fotografia de Juja Han (via Unsplash)

E porque adoro audiolivros?

Eu adoro literatura no geral. Nunca fui esquisita. Consumo romances em papel, em ebook, em audiolivro, leio banda desenhada, artigos e livros infantis, sem descriminação. Todos têm algo de diferente para oferecer.

No caso dos audiolivros, é a usuabilidade. Alguma vez leram um livro enquanto lavavam a louça? Enquanto faziam exercício na passadeira? Enquanto passavam a ferro? Difícil, não é? Mas não se usarem os audiolivros. E eu nunca entendi porque numa sociedade tão habituada a ouvir rádio, cujos jovens adoram andar com os auscultadores a ouvir música e podcasts, nunca se viu o crescimento do mercado de audiolivros.

Será que a pandemia contribuiu para que as editoras finalmente decidissem apostar nos audiolivros, agora que os podcasts estão mais na moda que nunca? Eu quero acreditar que sim, mas seja por que razão for, fico muito contente!

De bom grado vou apoiar estas novas apostas. Pretendo comprar alguns destes audiolivros, ouví-los e comentá-los, aqui e nas redes, para tentar convencer o máximo de pessoas a experimentarem. Pode ser que a moda pegue e que a oferta aumente.

E vocês, já leram algum audiolivro?

Sugestão

Para os cépticos, porque não experimentam ouvir a versão audiolivro ao mesmo tempo que lêem a versão em papel? Nunca o fiz, mas há muita gente que diz que, para começar, é a forma mais fácil de transição.

Fórum Fantástico 2021 – dia 3

Ontem foi o último dia do Fórum Fantástico 2021, em Lisboa. Não consegui escrever este artigo mais cedo porque passei grande parte do resto do dia no comboio, a caminho de casa e o Alfa Pendular não fez nada pelo meu estômago, daí a minha inabilidade de aproveitar a viagem para escrever isto.

Praça da biblioteca com os parceiros do Fórum Fantástico, como a Convergência, o Mighell Publishing, a Seita, ComicHeart, Associação de Cosplay, Ludodrama, RubberChicken, Velha Lenda, DR. Kartoon, Imaginauta, Saída de Emergência, Games Omnivurous, Editora Âncora, etc.

A manhã foi livre, no FF 2021, mas a tarde foi muito concorrida. O auditório esteve praticamente cheio em alguns lançamentos de livros, nomeadamente o “Um mundo às escuras”, de Maria Roque Martins, e o “Crónicas de Ramirez”, de Luís Silva. Mas já volto a estes.

Banca com alguns dos parceiros do Fórum Fantástico, como a Convergência, o Mighell Publishing, a Seita, ComicHeart, Velha Lenda, DR. Kartoon, Imaginauta, Saída de Emergência, Editora Âncora, etc.
Painel “As escolhas do ano”, com sugestões de Rogério Ribeiro, Cristina Alves e Artur Coelho

O primeiro painel da tarde, a que assisti, foi o “As escolhas do ano”, onde Rogério Ribeiro, Cristina Alves e Artur Coelho sugeriam os livros que mais tinham gostado de ler no último ano (não incluindo apenas livros publicados nesse ano, pelo que me apercebi).
Porque a lista é bastante extensa, deixo apenas algumas menções: “Custom Circus”, de Michel Alex; “La Puerta”, de Manel Loureiro; “A última vida de Sir David”, de Pedro Galvão; “Bone”, de Jeff Smith; “Isola – vol.1”, de Brenden Fletcher e Karl Kerschl; “Umbra“, coletânea de BD de vários autores; “O Penteador”, de Paulo J. Mendes; “Tetris”, de Box Brown; “Cidades do Sol”, de Paulo Morais; entre outros.
O Artur Coelho já publicou todas as suas recomendações no seu blog Intergalactic Robot.

Sérgio Marcarenhas está por detrás da Ludodrama, um jogo narrativo recente, totalmente em português, o qual já adaptou, inclusivé, para um episódio de jogo onde um conto de Bruno Martins Soares era a base da aventura, misturando assim a ficção científica portuguesa em romance/conto com os jogos narrativos.

Luís Costam, por sua vez, falou da Gesta e de como tenta simplificar, ou melhor, eliminar as mecânicas de jogo desnecessárias, por forma a proporcionar mais diversão aos jogadores envolvidos.

Lançamento do novo volume da “H-alt”, antologia de banda desenhada, com a presença de Samir Karimo e Sérgio Santos

Segui depois para a apresentação do novo número da H-alt um projeto antológico de BD que já vai no número dez. Sérgio Santos é o editor da revista e apresentou todos os projetos integrados neste novo número, sendo que Samir Karimo, autor de uma das histórias, falou do seu.
De notar que todos os números da H-alt estão disponíveis no seu site, para leitura, bem como outros artigos e entrevistas de interesse. Visitem!

Lançamento do Prémio Macedo 2020: “Um mundo às escuras”, de Maria Roque Martins, com presença da autora e de Pedro Cipriano (Editorial Divergência)

Assisti também ao lançamento do Prémio António de Macedo 2020, que foi atribuído a Maria Roque Martins, com o seu livro de estreia, “Um mundo às escuras”. O prémio e a edição são da Editorial Divergência. Este romance parte da premissa: “E se não houvesse electricidade?”. Fiquei curiosa com a premissa, confesso! De notar ainda que este lançamento encheu o auditório!

Painel: “Jogos Narrativos e o Fantástico”, com André Nóvoa, Sérgio Mascarenhas, Luís Costa e moderação de Rogério Ribeiro

Para finalizar mudei de local, para o espaço juvenil da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, e fui assistir ao painel “Jogos narrativos e o Fantástico”.
Os presentes começaram por explicar o que são Jogos narrativos (uma espécie de RPG que se joga, em teoria, à volta da mesa, onde um particpante é o narrador e os outros interpretam personagens que têm de tomar decisões para completar um objetivo comum – peço desculpa se esta explicação não é muito boa).
André Nóvoa está à frente da Games Omnivorous, uma empresa de jogos narrativos que trabalha em inglês, com grande aposta na integração de outros meios artísticos (design, ilustração, etc.).

Não tive oportunidade de ficar até ao final do evento, mas deixo aqui os vencedores dos prémios que foram entregues no FF2021.

Prémios Adamastor do Fantástico 2020

Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa: “As sombras de Lázaro”, de Pedro Lucas Martins
Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Estrangeira: “Elevação”, de Stephen King
Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Conto: “Mais que fazer”, de Nuno Ferreira
Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Banda Desenhada: “Apocryphus Sci-fi”, de vários autores
Prémio Personalidade Fantástica: Beatriz Pacheco Pereira e Mário Dorminski

Prémios Adamastor do Fantástico 2021

Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa: “Custom Circus – Mekanon”, de Michel Alex
Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Estrangeira: “O Intruso”, de Stephen King
Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Conto: “Segunda mão esquerda de Deus”, de António de Macedo
Prémio Adamastor de Ficção Fantástica em Banda Desenhada: “Planeta Psicose”, de Ricardo Santo

Prémio António de Macedo 2021

“Pela cabeça do Rei”, de Nuno Almeida.

Prémio Ataegina 2021

“Ágape”, de Carlos Aleluia.

Parabéns a todos os vencedores!

Fórum Fantástico 2021 – dia 2

Sábado é sempre um dia mais concorrido em qualquer evento. Hoje a programação foi vasta, com mais que um espaço da Biblioteca Muncipal Orlando Ribeiro ocupada a todas as horas, e com actividades e sessões de autógrafos a acontecerem no pátio principal durante o dia todo.

Prémio Admastor de Carreira atribuído a Beatriz Pacheco Pereira

O que resulta que não consegui participar de toda a agenda, com muita pena minha. Mas o que vi foi mais que suficiente para me manter ocupada. E hoje, foi dia de conhecer novos projetos, novas BDs, novos romances e antologias, pedir muitos autógrafos (e, claro comprar mais livros), mas mais que isso foi um dia para conversar com pessoas que já conheço há muito, mas que infelizmente só tenho oportunidade de ver neste tipo de eventos. E ainda conheci novas pessoas presencialmente, que anda só tinha tido o previlégio de conhecer oline, bem como contactei com autores, artistas e bloggers cujo trabalho já conhecia, mas com quem não tinha contactado.

Por exemplo, foi um gosto conhecer a Cristina Alves, do blog Os Rascunhos (se não conhecem, visitem, que vale muito a pena, mesmo)!

Apresentação do documentário “40 anos do Fantasporto”

Como hoje aconteceu muita coisa, vou ser mais resumida que ontem.
Após a exibição do fantástico, passo a redundância, documentário “40 anos de Fantasporto” de Isabel Pina, Beatriz Pacheco Pereira subiu ao palco para receber o Distinção Personalidade Fantástica (Prémio Adamastor), sendo o mesmo atribuído ainda ao seu marido, Mário Dorminski.
De tarde, Beatriz voltou ao palco para apresentar o seu mais recente livro (ilustrado) “Alice e os Abutres”, Como já li contos da autora e gostei da premissa deste, foi uma das obras que adquiri e para o qual apoveitei para pedir um autógrafo.

Beatriz Pacheco Pereira e o seu editor, na apresentação do seu romance “Alice e os Abutres”

Durante o dia foram acontecendo ainda várias sessões de Jogos narrativos: Ludodrama, Gesta e Games Omnivorous, ao qual tive oportunidade de assistir, e sobre os quais fiquei muito curiosa.

Painel “à conversa sobre videojogos”, com Ricardo Correia e João Campos e moderação de João Morales

Da parte da tarde ainda assisti a um pouco do painel “Á conversa sobre videojogos”, mas como queria também assistir a outro que estava a acontecer ao mesmo tempo noutro local da Biblioteca, acabei por não poder seguir este até a final.

R.C. Vicente, Frederico Duarte, Francisco Ramalheira e Rogério Ribeiro

“As sete vidas de um romance”, moderado por Rogério Ribeiro, convidou R.C.Vicente (Raquel), Frederico Duarte e Francisco Ramalheira, a falarem sobre as suas experiências de publicação. Os três escrevem sagas de vários volumes, sendo que a Raquel relata ter publicado inicialmente numa vanity-press, por desconhecimento da significância e de como o mercado livreiro operava. Mencionou que este modo de publicação “matou” o seu livro, que agora renasce numa nova edição da Editora Velha Lenda (uma editora muito jovem que tem vindo a apostar exclusivamente em autores portugueses”.

Frederico Duarte publicou os dois primeiros livros da sua saga na Editora Nova Gaia, que foi entretanto absorvida pelo Grupo Leya, que decidiu não mais apostar no autor, apesar do enorme sucesso que o mesmo teve na época, e da comunidade de fãs que a saga “Avatar” já tinha. Ele teve de lutar e gastar dinheiro em advogados para poder reaver os diretos de publicação dos primeiros dois livros (um contracenso quando se recusavam a publicar as sequelas). Já conheço o Frederico há alguns anos e gostei muito do seu primeiro livro, que vê agora reeditado pela Editorial Divergência. Mais dois estão já escritos e o quarto está em produção.

Francisco Ramalheira teve um percurso um pouco diferente tendo publicado através de uma vanity-press (como a Raquel), mas de forma consciente e tendo trabalhado para criar uma base de fãs que antecipam agora a reedição do primeiro e o lançamento do segundo. (Esta reedição ainda não foi lançada, mas está para breve)

Carlos Silva, Diana Pinguicha, Mónica Cunha e Rogério Ribeiro

De seguida foi a vez do painel “Na pandemia também se publicou”, com Carlos Silva (em representação da Imaginauta), Diana Pinguicha, Mónica Cunha. Carlos Silva falou de como a Editora Imaginauta lutou para lançar alguns títulos durante a pandemia, com sucesso. Diana Pinguicha contou um pouco da sua experiência com a publicação do seu romance “A Curse of Roses” nos E.U.A., e de como a pandemia impediu que fizesse a sua booktour presencial. Já Mónica Cunha, vencedora do Prémio Ataegina, falou de como o confinamento foi crucial para que tivesse concorrido ao prémio.

Painel “No centeário de Stanislaw Lem”

Pude ainda assistir a uma parte do painel “No centenário de Stanislaw Lem”, onde houve um debate muito interessante sobre a genialidade do imaginário do autor, e também sobre como, nas escolas, o ficção científica e o fantástico podem ser usados como catalizadores para o debate consciente sobre o presente e o futuro da humanidade. Depois foi a vez de duas estudantes universitárias de Design de Comunicação, apresentarem o seu projeto final, que teve inspiração no filme “Solaris” (com base no livro de autor). E deixo já aqui o convite para visitarem, este projeto, que é também um podcast, de nome PARCAE.

Apresentação da antologia de BD “Apocryphus Monstro!”
Apresentação da BD “A Lenda de Adora”, de Tiago da Silva
Apresentação de “Farol da Esperança – Antologia Hopepunk”

Tive ainda oportunidade de assistir a três lançamentos: “A Lenda de Adora”, de Tiago da Silva; a antologia de BD “Apocryphus Monstro!” e ainda a antologia “Farol da Esperança – Antologia Hopepunk”. Ainda consegui pedir autográfos a dois artistas de BD, Joana Afonso e Ricardo Baptista, que também estiveram no festival apresentar a antologia de BD “Ditirambos: Abismo”

Foi assim um dia muito produtivo e em que tive oportunidade de coversar com muita gente. Pena foi não haver tempo para mais ainda. Amanhã é o último dia do evento. Se puderem, apareçam. Não se vão arreepender!

Fórum Fantástico 2021 – dia 1

Depois de alguns anos, regressei hoje a Lisboa, para assistir ao Fórum Fantástico deste ano. Da última vez que estive na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, foi também na qualidade de escritora, para a apresentação da antologia “Lisboa no Ano 2000”. desde então ainda não tinha encontrado tempo para regressar a este que é um festival referência para o género Fantástico em Portugal.

Deixo desde já um convite a quem esteja por perto, para vir amanhã e domingo, já que o Fórum Fantástico dura de 8 a 10 de Outubro. Basta sair na estação de metro de Telheiras e são dois minutos até chegar à Biblioteca Municipal Orlado Ribeiro

Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro

Rogério Ribeiro e João Morales começaram por apresentar o evento, sendo que este ano a programação só começou a ser feita há cerca de um mês, por culpa das restrições que estavam em constante mutação. Ainda assim a agenda do Fórum Fantásico é ampla e diversificada. Havendo atividades desde sexta de tarde, sábado de manhã e de tarde, e domingo de tarde (consultem o blog oficial para acederem à agenda completa). Esta edição de 2021 traz algumas temáticas que teriam sido abordadas em 2020, mas que tiveram de ser adiadas porque no ano transato não houve evento.

João Morales e Rogério Ribeiro

O primeiro painel foi super-interessante! Tinha por tema “Vamos apanhar o comboio”, onde Maria José Teixeira, começou por falar do Festival Vapor, que aconteceu em 2018 e 2019 no Entroncamento, e que eu, infelizmente, não tive oportunidade de visitar. Foi muito interessante saber como tudo começou, sendo que este festival se distingue de outros eventos Steampunk anteriores, por ser organizado no Museu Nacional Ferroviário (Entroncamento), o que deve tornar a experiência em algo realmente fascinante. Este festival duplicou o seu público do primeiro para o segundo ano e permitiu ao Entroncamento, e zonas vizinhas, aumentar o seu potencial turístico, que foi umas das razões porque este projeto foi aprovado e porque continuará a existir num futuro próximo, sendo que está praticamente confirmada uma nova edição para 2022, no último fim-de-semana de Setembro. Espero poder marcar presença!

A segunda oradora foi Iolanda Ramos, professora da FCSH e estudiosa da literatura, que trouxe uma perspectiva académica à escrita steampunk, contextualizando o mesmo e o neo-vitorianismo. Também falou de várias curiosidades sobre os comboios na era vitoriana, e como estes dividiam opiniões, sendo vistos como um sinal de progresso por uns, e uma monstruosidade por outros. Foi uma intervenção muito interessante a aprendi vários factos curiosos sobre a época vitoriana e as locomotivas a vapor.

Luís Filipe Silva, escritor português de excelência, falou-nos do comboio como instrumento narrativo em alguns livros estrangeiros, e como elemento narrativo, não só na ficção steamunk, como generalista (deu o exemplo do “Crime no Expresso do Oriente”, de Agatha Christie). E referiu também o livro “Lisboa no Ano 2000” (de Melo de Matos), o original que inspirou muito mais tarde a antologia em que participei. Este, disse, foi um dos primeiros exemplos do género em Portugal, e nele o comboio era uma peça fundamental do progresso, do comércio, do transporte e da comunicação, mas mesmo assim o autor ficou preso a outras questões da sociedade em que vivia, como sendo o caso das mulheres, que nessa visão não haviam ganho independência nem a moda tinha acompanhado a progressão da máquina.

Luís Filipe Silva, Rogério Ribeiro, Safaa Dib, Nuno Fonseca e Luís Corte-Real, na gravação do Bangcast

De seguida foi a vez da gravação de um novo episódio da Bangcast, um podcast que podem já encontrar com vários episódios. Pelo que foi dito, este episódio estará disponível nas próximas semanas, e não me vou alongar muito sobre a mesma, pois quero convidar-vos a ouvir. O tema foi o percurso da Revista Bang, desde o seu nascimento em 2005.

Penim Loureiro, Pedro Cipriano, Teresa Botelho e Rui Mateus

O último painel que tive oportunidade de assistir (havia um últmo, mas não pude ficar até ao final) foi o com a temática “Cli-fi – Os amanhãs concebidos pelas ficção climática”, que contou com a presença de Teresa Botelho (professora na FCSH), Rui Mateus, Pedro Cipriano e Penim Loureiro. Todos fizeram sugestões literárias sobre esta vertente do fantástico. Teresa Botelho debruçou-se sobre várias abordagens, mais otimistas ou pessismistas, deste género, dando especial enfoque ao Solarpunk, um movimento literário que tem vindo a ganhar peso nos últimos anos, e cuja primeira antologia mundial, segundo a mesma, foi lançada no Brasil, com autores de lingua portuguesa.

Pedro Cipriano começou por referir o seu conto “Sementes de Esperança”, que de momento se encontra apenas disponível numa antologia filipina, como razão da sua presença no painel. Sugerindo depois uma série de obras. Por fim deixou o desafio, parafraseando, “cabe aos autores criar esta discussão (sobre as alterações climáticas) , este pensamento, esta conversa”.

Rui Mateus, investigador na área da literatura fantástica, trouxe uma visão um pouco diferente, remetendo esta temática para obras clássicas como “Senhor dos Anéis” e “The Wheel of Time”, que analisa como tocando no assunto das alterações climáticas de uma forma metafórica e mais ou menos subtil (sob a forma dos “Dark Lords” e como tudo o que eles dominam fica inóspito).

Penim Loureiro, por sua vez, abordou a temática na BD, com especial enfoque na BD portuguesa, sugerindo títulos da autoria de Bruno Silva, como “Portugal 2055” e “A Reportagem Especial”, sendo que pelo menos um destes títulos não está disponível nas livrarias, tendo sido organizado pela Universidade de Ciências de Lisboa (contactem a mesma, caso tenham interesse). Estas obras têm uma visão mais científica sobre o assunto, e tentam consciencializar os jovens para a temática.

No final foi aberto o debate ao público, o que apenas tornou mais enriquecedora a sessão, com intervenções interessantes e levantamento de questões essenciais, mostrando que o tema é um dos que mais convida ao debate.

E porque não podia vir de mãos vazias, comprei já dois livros, de autores portugueses, um deles em pré-venda Fórum Fantástico. É possível que compre mais, mas por agora deixo-vos com “Avatar – Destino do Universo”, de Frederico Duarte (e sim, eu tenho também a primeira edição deste livro), e “Umbigo do Mundo”, uma banda desenhada de Penim Loureiro e Carlos Silva.

“Avatar – Destino do Universo”, livro de Frederico Duarte, e “Umbigo do Mundo”, romance gráfico de Penim Loureiro e Carlos Silva

Clube de Leitura de Braga

Hoje, às 15h00, na Bertrand do centro de Braga (no Liberdade Street Fashion), vai decorrer o Clube de Leitura de Braga, e este mês vai estar em discussão o meu romance “Angel Gabriel – Pacto de Sangue“.

Se tiverem oportunidade apareçam! Serão muito bem-vindos!